terça-feira, 17 de agosto de 2010

A crise de reputação 
acelera na Toyota


Foram necessários setenta anos para que a japonesa Toyota realizasse o sonho do seu criador, Kiichiro Toyoda. Em 2007, tornou-se a maior fabricante mundial de automóveis, superando a americana General Motors. O sucesso foi possível graças à tecnologia que se tornou sinónimo de conforto e segurança, a preços acessíveis.

Hoje a Toyota atravessa uma das piores crises da sua história. Foi obrigada a uma decisão constrangedora: recolher 8,7 milhões de viaturas para revisão (recall).

A empresa demorou a reagir a um problema que começou em 28 de Agosto de 2009 nos Estados Unidos quando um Lexus perdeu o controlo depois do pedal do acelerador ter bloqueado. O acidente provocou a morte de quatro pessoas. Esta tragédia levou a Toyota — que na altura já tinha recebido mais de duas mil queixas — a acelerar as suas pesquisas.


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Má Gestão da crise



Mas só no dia 21 de Janeiro é que decidiu retirar do mercado 2,3 milhões de veículos. Nesse mesmo dia, a empresa reconheceu que o seu modelo híbrido Prius — o mais vendido no Japão em 2009 — tinha problemas no pedal de travagem.

Só em Fevereiro é que o presidente Akio Toyoda, neto do fundador, deu a cara pela primeira vez. “Peço perdão, de forma sincera, por ter causado problemas a muitos dos nossos clientes”, confessou Akio Toyoda,num pedido público de desculpa que correu as televisões de todo o mundo.

Uma semana e meia após a conferência de imprensa, Toyoda foi forçado a protagonizar uma nova lição de humildade e a anunciar que vai prestar esclarecimentos perante o Congresso norte- -americano, o que acabaria por suceder a 24 de Fevereiro.

Feitas as contas o maior fabricante de automóveis do mundo teve de chamar à revisão 8,7 milhões de veículos em todo o mundo, primeiro devido ao referido problema no acelerador e, mais tarde, no sistema de travagem. O defeito envolve oito modelos da Toyota, entre eles dois dos mais vendidos nos Estados Unidos, o Camry e o Corolla. Incapaz de solucionar a falha, a empresa suspendeu a produção e a venda desses veículos.

O mais grave de tudo é que a falha inclui o Prius, o automóvel-estrela da Toyota, símbolo da atitude ecológica da marca nipónica. Segundo estimativas recentes, o recall deverá ter como consequência a redução de vendas de 100 mil unidades até ao final de Março.


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Akio toyoda, o neto do fundador

Akio Toyoda, 53 anos, é o neto do fundador do grupo Toyota Motor Corporation, Kiichiro Toyoda, a maior construtora mundial de automóveis, que emprega 320 mil pessoas. Akio aderiu à Toyota em 1984 e é o presidente da empresa desde Junho de 2009. Filho de Shoichiro Toyoda, presidente de 1982 a 1992, Akio licencou-se em Direito pela Keio University (Japão) e tem um MBA pelo Babson College (EUA).



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vendas em queda

Esta foi a terceira grande falha da Toyota. Em Setembro de 2009, a marca já havia chamado 4,2 milhões de veículos às concessionárias, devido a um problema com o tapete do motorista que se enroscava nos pedais. São muitos erros em tão pouco tempo. Por isso, a Toyota tem perdido mercado para as rivais. A perda de confiança dos consumidores está a abalar a reputação da marca nos Estados Unidos, o principal mercado da marca.

O presidente Akio Toyoda, já anunciou uma forte campanha de incentivos para não deixar fugir os clientes para as marcas rivais. Talvez já seja tarde demais. A também nipónica Honda beneficiou dos recalls e superou a rival nos Estados Unidos(13% contra 11,2% em Janeiro). Em Fevereiro, a Toyota viu a sua quota de mercado recuar mais de 5%, terminando com 12,1% .A americana Ford também lucrou com a crise da Toyota e viu a sua quota subir de 10,6% a 11,7 por cento.


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O MAIOR mercado DO MUNDO

A China passou a ser o maior produtor e o maior mercado mundial de automóveis. As estatísticas oficiais apontam para um crescimento anual das vendas de 46,2% e um aumento da produção de 48,3%. As três grandes empresas chinesas do sector são a Shanghai Volkswagen, FAW Volkswagen and Shanghai General Motors. Ao nível das marcas a Toyota manteve a posição como líder mundial.



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Liderança em risco



Para completar a crise, os analistas acusam o presidente Akio Toyoda de ter feito apostas tímidas nos mercados que mais crescem actualmente, como a China e o Brasil, ao contrário, por exemplo, da alemã Volkswagen. No resto do mundo — África, por exemplo — a coreana Hyundai, tem revelado um dinamismo superior. O resultado é que desde que, há dois anos, a construtora japonesa alcançou a liderança mundial, que as suas vendas caíram quase 20 por cento.

Recorde-se que a Toyota chegou a número um, seguindo os catorze princípios criados por Kiichiro Toyoda e pelo engenheiro Taiichi Ohno, entre eles a busca pelo melhoria contínua (kaisen) e o sistema de gestão da qualidade total (Total Quality Management).

A Toyota estabeleceu um novo modelo de produção “à medida” (just-in-time), em que a produção de automóveis é feita de acordo com o nível de encomendas, o que reduz o custo de stocks. Enquanto as concorrentes copiaram essa estratégia, a japonesa Toyota parece ter baixado a guarda. Para permanecer no topo, a líder mundial do sector precisará de ter humildade oriental e reler os seus próprios princípios definidos pelo clã Toyoda.


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As vedetas do Salão Automóvel de Genebra 2010

A Toyota tem sido um exemplo de inovação e pioneirismo no segmento dos híbridos. A marca tem esperanças que a sua crise de reputação possa inverter-se no Salão Internacional de Genebra, a realizar de 4 a 14 de Março. Neste certame a marca irá apresentará o Toyota Auris, equipado com a tecnologia Hybrid Synergy Drive (HSD), que os responsáveis anunciam que estará presente em todos os seus modelos até 2020. A Toyota utilizará o Salão não só para mostrar algumas melhorias nos seus modelos tradicionais, mas também para apresentar os seus mais recentes protótipos ao nível da tecnologia híbrida caso do Prius Plug-in (PHEV), o concept eléctrico FT-EV II, o concept desportivo FT-86, o RAV4 e o

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